Tenho amor aos horizontes largos do campo, ao cheiro da terra, ao cair da
chuva, à alegria do sol, às carícias do vento,
ao cântico das aves e ao
barulho das folhas causado pelo vento.
Tenho amor ao crescer das plantas, ao marulhar das searas, às ondas de ouro
dos tribais maduros,
ao desabrochar dos flocos de algodão, ao cheiro dos
frutos maduros e ao brilho colorido da erva ondulante.
Tenho amor a todos os animais, grandes e pequenos,
criados por Deus para
auxiliar o Homem; enternece-me a dedicação dos cavalos,
a índole confiante
dos carneiros, a docilidade das vacas e a serenidade dos porcos nos cevados;
É a forma como agradecem o carinho e o cuidado com que são tratados.
Por
amar estas coisas;
Creio na terra e na vida da gente do campo, nos seus anseios, nas suas
aspirações e nas suas crenças ingênuas,
nas suas faculdades e forças para
melhorar as condições de vida e criar um ambiente agradável para os que lhe são
querido.
Creio nos lavradores como sólidos esteios da Nação, reservatório inesgotável
da sua prosperidade,
a mais firme defesa contra os que, de dentro ou de fora,
pretendem despojá-la.
Creio no direito do agricultor a um maior bem-estar, a um nível de
vida
que recompense o seu capital, o seu trabalho e a sua perícia e o coloque
em situação idêntica
à dos que trabalham no comércio e na indústria.
Creio no seu direito a colaborar com os vizinhos para a defesa de interessem
comuns
e creio nos benefícios da ciência posta a serviço do seu bom
senso.
Creio na integridade dos lares rurais,
na pureza do amor das moças do
campo e na influência que o lar deve ter sobre a cultura, a arte e a
energia.
Creio nos jovens do campo, no seu anseio por se tornarem alguém,
no seu
direito a receberem preparação intelectual, física e moral,
e a responderem
ao apelo da terra que reclama os seus braços.
Creio no meu trabalho, na oportunidade que me dá para ser útil, no que
encerra do espírito de humanidade e de fraternidade.
Creio nos serviços ao público de que faço parte,
no direito de que tem em
contar com minha lealdade e o meu entusiasmo para propagar,
seus princípios
estabelecidos e os ideais dos que buscam e encontram a verdade.
Creio em mim mesmo e humildemente, mas com toda a sinceridade, ofereço-me
para auxiliar os homens,
as mulheres e as crianças do campo a tornarem
prósperas as suas terras, confortáveis e belos os seus lares,
harmonioso o
ambiente da comunidade rural e assim, tornar útil a minha própria vida.
É por ter amor a todas estas coisas e por crer em tudo isto que eu sou
agrônomo de campo.
(Extraído de um relatório de viagem, de agrônomos portugueses.)
Publicado em 1954 Extensão Agrícola de Miguel Bechara.
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